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Beijosss da Pro


Língua Portuguesa – 7ª Série



3º Bimestre – Semana 1 – Revisão Análise Sintática






1. Copie o sujeito da oração e classifique-o.



a) Descobrimos o erro.

b) Alguns viajantes estão cansados.

c) Nada percebi.

d) Vamos ao cinema.

e) Nenhum colega gosta dele.

f) Está um sol!

g) O dia está quente.

h) Cantar é a melhor coisa da vida.

i) Ventou forte ontem.

j) Você é o professor?

k) Amarraram os prisioneiros.

l) Queríamos doces.

m) O tempo passava rápido.

n) Não entendi nada.

o) Toda a sala ficou em silêncio.

p) Estou saindo de férias.

q) As crianças e os adolescentes ficaram felizes.

r) Todos aplaudiram o pianista.

s) Nevou ontem.

t) Caiu o homem.

u) Trouxeram este presente para você.

v) Nada lhe direi.

w) A orquídea gosta de sombra.

x) O dia amanheceu.

y) Nós o ajudaremos.

z) Não perderemos essa luta!





2. Copie os predicados das frases acima, classificando-os em nominal ou verbal.



3. Copie os verbos das frases acima, classificando-os em verbo de ligação, intransitivo, transitivo direto ou transitivo indireto.



4. Copie os complementos das frases acima, classificando-os em objeto direto ou objeto indireto.



5. Copie os predicativos do sujeito.



6. Copie e classifique os adjuntos adverbiais.



7. Copie o sujeito da oração e classifique-o.



a) Descobrimos o erro.

b) Os pares dançavam.

c) Muitos chegaram tarde.

d) Confiei em você.

e) As mulheres enfeitaram o salão.

f) Ofereci a todos uma recompensa.

g) O anfitrião ofereceu um presente a cada visitante.

h) Pedi a conta.

i) Penso em você.

j) Carlos é um sujeito simples.

k) Peço-lhe um favor.

l) Camila e Anderson ficaram cansados.

m) A canoa virou no mar.

n) Entregue-me o livro.

o) A cidade resistiu ao ataque.

p) Eu dedico esta música aos meus pais.

q) Resolva o problema.

r) Desconfie dele.

s) Agradeço-te.

t) O aluno fez a lição.

u) Você conhece esta menina?

v) Recolha os livros.

w) Diga-me a verdade.

x) Daniela e Viviane nadaram muito.

y) Todos estavam empolgados.

z) Ofenderam-me hoje.





8. Copie os predicados das frases acima, classificando-os em nominal ou verbal.



9. Copie os verbos das frases acima, classificando-os em verbo de ligação, intransitivo, transitivo direto ou transitivo indireto.



10. Copie os complementos das frases acima, classificando-os em objeto direto ou objeto indireto.



11. Copie os predicativos do sujeito.



12. Copie e classifique os adjuntos adverbiais.



Por problemas técnicos (a escola está sem net hoje), postarei amanhã os exercícios! Darei mais um dia para vocês fazê-los!

Beijos

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Legião Urbana
I
Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.

II
Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão...

III
É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

IV
- Tudo passa, tudo passará...

E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.

1. O buquê

A campainha tocou. Rebeca correu pra abrir a porta. Até se admirou de ver um buquê tão bonito.

- Mãe! - ela gritou - chegou flor pra você. - Fechou a porta.

A Mãe veio correndo da cozinha e pegou o buquê. Tinha um envelope preso no papel; a Mãe tirou depressa um carrão lá de dentro, leu. O telefone tocou; a Mãe largou tudo e foi atender.

Rebeca quis ler o cartão. Mas estava escrito em língua estrangeira, era francês? Olhou pra assinatura: Nikos. Lembrou de unia voz estrangeira que andava telefonando, chamando a Mãe. Botou devagarinho o cartão em cima do envelope; foi chegando disfarçado pra perto do telefone, sem tirar o olho da Mãe. Franziu a testa: a Mãe estava parecendo nervosa, encabulada, mas muito mais bonita de repente!

Rebeca foi se esquecendo de prestar atenção na língua estrangeira que à Mãe estava falando pra só ficar assim: olhando: curtindo a Mãe.

A conversa no telefone acabou.

A Mãe voltou logo pra junto das flores.

- Coisa linda esse buquê, não é Rebeca?

- É.

- Com esse calor é melhor botar ele logo dentro d'Água. - Foi indo pra cozinha.- Você não quer me ajudar a arrumar o vaso?

Rebeca ficou parada.

A mãe olhou para ela; parou também: assim meio abraça com o buquê.

E durante um tempo as duas ficaram se olhando.

Rebeca então foi indo distraída para a cozinha.

A Mãe (distraída também) pegou um vaso, encheu de água.

E as duas arrumaram as flores devagar, sem falar nada; sem levantar o olho do vaso.

2. Na beira do mar

As duas tinham saído pra fazer compras, a Mãe e a Rebeca. E na volta a Mãe falou:

- Quem sabe a gente vai andando pela praia?

Atravessaram a rua, tiraram o sapato, entraram na areia. E foram andando pela beira do mar.

Rebeca a toda hora olhava pra trás pra ver o caminho que o pé ia marcando na areia.

E a Mãe olhando pro mar e mais nada.

Era de tardinha. Não tinha quase ninguém na praia.

E teve uma hora que a Mãe convidou:

- Vamos descansar um pouco?

Sentaram. Rebeca logo brincou de fazer castelo.

E a Mãe olhando pro mar. Olhando. Até que no fim ela disse:

- Rebeca, eu vou me separar do pai: não tá dando mais pra gente viver junto.

Rebeca largou o castelo; olhou num susto pra Mãe.

- Neste último ano tudo ficou tão ruim entre o pai e eu. Eu sei que ele sempre teve paixão por música, eu já conheci ele assim. Mas desde que o Donatelo nasceu que ele só vive às voltas com aquele violino! é só tocar, estudar, compor, ensaiar; ele me deixou sozinha demais. - Pegou a mão da Rebeca.

Mas a mão da Rebeca escapou.

- Sozinha, como? e eu? e o Donatelo? a gente tá sempre junto, não tá? nós três. E quando o pai não tá com a orquestra, ele também tá sempre em casa. Então? nós quatro. Sozinha por quê?

- E que... eu não sei como é que eu te explico direito, mas... ah, Rebeca, eu ando tão confusa! - Apertou a boca e ficou olhando pro mar.

Rebeca esperando.

Esperando.

De repente a Mãe ficou de joelhos, agarrou as duas mãos da Rebeca e foi despejando a fala:

- Eu me apaixonei por um outro homem, Rebeca. Eu estou sentindo por ele uma coisa que nunca! nunca eu tinha sentido antes. Quando eu conheci o teu pai eu fui gostando cada dia mais um pouco dele, me acostumando, ficando amiga, querendo bem. A gente construiu na calma um amor gostoso e foi feliz uma porção de anos. E mesmo quando eu reclamava que ele gostava mais da música do que de mim, eu era feliz...

- O pai adora você! você não pode...

-...e mesmo no tempo que o dinheiro era super apertado a gente era feliz...

- Ele gosta de você! ele gosta demais de você.

-...mas este último ano a gente tá sempre discutindo, a gente briga a toda hora.

- Por quê?

- Não sei; quer dizer, eu sei; eu sei mais ou menos, essas coisas a gente nunca sabe direito, mas eu sei que eu fui me sentindo sozinha... vazia... vazia de amor. Amor assim... de um homem. E claro que isso não tem nada a ver com o amor que eu sinto por você. E pelo Donatelo então nem se fala.

- Não se fala por quê? você gosta mais do Donatelo que de mim?

- Não, não, Rebeca! entende: é porque ele é tão pequeno ainda, e você já está ficando uma mocinha: então é um amor do mesmo tamanho mas um pouco diferente que eu sinto por vocês dois. Mas isso não tem nada a ver com... ah, Rebeca, como é que eu te explico? como é que eu te explico a paixão que eu senti por esse homem desde a primeira vez que a gente se viu.

- Ai! não aperta a minha mão assim.

- Se ele me diz vem te encontrar comigo, mesmo não querendo, eu vou; se ele fala que quer me abraçar, mesmo achando que eu não devo, eu deixo; tudo que eu faço de dia, cuidar de vocês, da casa, de tudo, eu faço feito dormindo: sempre sonhando com ele; e de noite eu fico acordada, só pensando, pensando nele.

- Ai, não...

- Ele diz eu gosto do teu cabelo é solto, eu digo é justo como eu não gosto, e é só ir dizendo isso pr'eu já ir soltando o cabelo; ele diz ás 5 horas eu te telefono, eu digo NÃO! eu não atendo, e já bem antes das 5 eu to junto do telefone esperando; só de chegar perto dele eu fico toda suando, e cada vez que eu fico longe eu só quero é ir pra perto, Rebeca! Rebeca! eu tô sem controle de mim mesma, como é que isso foi me acontecer, Rebeca?! Ele me disse que vai voltar pra terra dele e me levar junto com ele, eu disse logo eu não vou! sabendo tão bem aqui dentro que não querendo, não podendo, não devendo, é só ele me levar que eu vou. - Botou de palma pra cima as duas mãos da Rebeca e enterrou a cara lá dentro.

Ficaram assim.

- Isso é que é paixão? - Rebeca acabou perguntando.

A Mãe meio que sacudiu o ombro. Quietas de novo.

- Como é que... como é que ele se chama? esse cara.

- Nikos.

- Que nome esquisito.

- Ele é grego.

- Grego? e você entende o que ele fala? - A gente conversa em francês. Rebeca ficou olhando pro castelo desmanchado. Depois de um tempo suspirou:

- E ainda mais essa! com tanto homem no Brasil.

3. No sofá da sala

A Mãe bateu a porta do quarto e correu pra sala.

Já era tarde da noite, mas Rebeca estava acordada. Ouviu a Mãe soluçando. Levantou; olhou pro Donatelo na cama ao lado: dormindo. Correu pra sala. A Mãe estava jogada no sofá.

- Que foi?!

A Mãe tapou o choro com a almofada; o corpo ficou sacudindo.

- Mãe, que foi, que foi!

Estava escuro na sala. Mas o Pai abriu a porta do quarto e veio luz lá de dentro. Rebeca escorregou pro chão e ficou meio escondida atrás do sofá. O Pai chegou perto e falou com uma voz de raiva, de mágoa, uma voz que a Rebeca nunca tinha ouvido ele falar:

- Você tá chorando por quê? Quem tem que chorar sou eu e não você. Não sou eu que tô abandonando a minha família, é você; não sou eu que tô deixando os meus filhos pra lá: e você!

A Mãe tirou a almofada da cara; a voz saiu metade soluço, metade fala:

- Você não tá querendo entender: eu não tô deixando a Rebeca e o Donatelo: um dia eu volto pra buscar os dois.

- Você vai embora com esse estrangeiro pra viver lá do outro lado do mundo...

- Eu juro que eu volto!

-...mas o estrangeiro não quer as crianças, só quer você.

- Eu sei que eu acabo convencendo ele...

- E se um dia você convence ele, aí você vem buscar a Rebeca e o Donatelo, não é? Lindo!

- O que que eu posso fazer? ele não quer que eu leve as crianças agora.

- ELE NÃO QUER!! Então ele agora manda em você. Ele é um deus que desceu do Olimpo pra dizer o que ele quer e o que ele não quer que você faça.

Rebeca franziu a testa, ele é um deus que desceu de onde? E aí o Pai gritou:

- Pois eu também não quero, viu? eu não quero o que você quer. E você vai ter que escolher: ou fica ou leva as crianças com você agora.

- Mas eu não...

- Se você não leva elas agora, eu não deixo você levar nunca mais. Abandono do lar, da família, de tudo: a lei vai estar do meu lado. Então você escolhe: ou ele ou as crianças.

4. Na mesa do botequim

Rebeca saltou do ônibus, comprou um sorvete de chocolate e veio lambendo ele pela rua. Parou em frente do botequim da esquina: ué: não era o Pai sentado bem lá no fundo? Espiou: era, sim: entrou.

- Oi, pai.

O Pai levantou a cara do copo e olhou pra Rebeca feito custando pra lembrar quem é que ela era.

- Oôôooooo filhinha, o que que você tá fazendo por aqui?

- Eu, nada, e você?

- Eu, nada.

O sorvete pingou na calça do Pai.

O Pai ficou olhando triste pro pingo; depois falou:

- Senta. - Mas logo se arrependeu: - Quer dizer, não senta porque isso aqui não é lugar pra criança.

Mas Rebeca já tinha sentado, e o moço do botequim já tinha trazido um outro copo cheio pro Pai beber. O Pai bebeu enquanto Rebeca acabava o sorvete, comia a casquinha, dava uma lambida em cada dedo, enxugava eles na saia e suspirava de pena do sorvete ter acabado. O Pai suspirou também:

- A tua mãe não gosta mais de mim.

Rebeca olhou pra mesa: cheia de copo vazio. Será que era o Pai que tinha bebido aquilo tudo?

- E eu gosto tanto dela! Agora então que ela vai me deixar parece até que eu gosto mais.

Rebeca olhou pro Pai; achou que o olho dele estava parecendo de vidro.

- Duvido que esse gringo goste dela do jeito que eu gosto. Nem metade, aposto. Nem metade da metade da me... - Foi se esquecendo da outra metade; ficou olhando pra Rebeca.

- Que que você tá me olhando assim, pai? parece até que você nunca me viu.

- Como você é parecida com ela! Tudo. A boca, o cabelo, o jeito de olhar. E agora que eu to percebendo: o teu nariz também é igualzinho ao dela, até um pouco de sarda na ponta ele tem; engraçado, eu ainda não tinha reparado. - Debruçou mais na mesa pra olhar pro nariz da Rebeca, derrubou um copo no caminho; desanimou.

Rebeca debruçou também:

- Eu vou pedir pra mãe não ir. Eu vou pedir tão forte, que ela não vai, você vai ver.

O Pai fechou o olho:

- Eu queria que o tempo já tivesse passado e que eu já tivesse me esquecido dela.

- Eu vou pedir pra ela não ir embora; deixa comigo, pai.

- Eu queria que você e o Donatelo já fossem grandes. O que que eu vou fazer com vocês dois? me diz, me diz! Eu não tenho jeito com criança.

- Eu vou pedir.

- O que que eu faço com vocês dois, Rebeca?

- Deixa comigo, pai, eu te prometo que eu não deixo a mãe dizer tchau pra gente.

- Promete?

- Prometo. E agora para de beber, tá? - Tá.

5. A mala

Rebeca fingiu que nem tinha visto a mala da Mãe aberta em cima da cama e já quase pronta pra fechar.

Voltou pro quarto.

Sentou.

Fingiu que estava desenhando um barco.

Fingiu que nem estava escutando a Mãe querendo se despedir do Pai, e o Pai não deixando a Mãe acabar de falar, saindo zangado, batendo com a porta.

Foi riscando no papel com força, o lápis pra cá e pra lá cada vez com mais força, tlá! a ponta quebrou.

Ouviu a Mãe indo na sala; depois no banheiro.

Correu na ponta do pé pra espiar, ah! a mala. Já fechada. No chão. Junto da porta. Pronta pra sair.

Voltou correndo pro quarto; sentou de novo; pegou o lápis, fez ponta depressa, o coração num toque-toque medonho; desatou de novo a riscar.

Parou o lápis; escutou a Mãe discando telefone, chamando um táxi, explicando que era pro aeroporto.

De rabo de olho viu a Mãe entrar no quarto, sentar na cama do Donatelo, ficar olhando ele dormir.

Viu que a Mãe estava de meia, de sapato fechado, de capa de chuva, de bolsa a tiracolo, de cara lavada (de choro?), tão diferente de todo dia.

Viu a Mãe alisando o cabelo do Donatelo; fazendo festa nele de leve; a mão indo e vindo, bem de leve; indo e vindo. Viu tudo de rabo de olho e foi riscando forte, mais forte, mais tlá! a ponta do lápis quebrou outra vez.

A Mãe parou de fazer festa na cabeça do Donatelo e ficou sem se mexer.

Rebeca ficou que nem a Mãe: sem se virar, sem falar, sem perguntar.

O tempo foi passando.

Passando.

Até que de repente a buzina do táxi tocou lá fora e a Mãe levantou num pulo de susto.

Rebeca também. E se virou. Ao mesmo tempo que a Mãe se virava. E as duas se olharam com medo, e a Mãe correu e abraçou Rebeca com força, demorado, bem apertado, ai! Rebeca fechou o olho: que troço danado pra doer aquele abraço.

A Mãe largou a Rebeca, correu pra sala, abriu a porta.

Mas Rebeca já estava atrás dela; e puxou a mala:

- Mãe; não vai! eu já te pedi tanto, que eu não ia pedir mais, mas você tá indo mesmo e eu tenho que pedir de novo, não vai não vai não vai!!

A Mãe cochichou depressa:

- Por favor, Rebeca, me entende, me perdoa, me entende, eu tenho que ir, é mais forte que tudo. Mas eu já te prometi: eu volto.

- Diz pra ele que não! você não vai.

A Mãe pegou a mala. Rebeca não largou.

A Mãe puxou a mala. Rebeca puxou também.

A Mãe puxou mais forte. Rebeca ficou agarrada na mala.

O táxi buzinou de novo. As duas se olharam. O olho da Mãe pedindo por favor. O olho da Rebeca também: por favor.

A Mãe estava de boca apertada; de testa enrugada. E não quis mais olhar pra Rebeca no olho; e puxou a mala com toda a força, querendo arrancar ela da mão da Rebeca.

Mas Rebeca não se soltou da mala e foi sendo arrastada no puxão.

A buzina do táxi de novo, e mais comprido dessa vez.

A Mãe soltou a mala; fechou o olho; apertou a testa com a mão feito coisa que estava sentindo uma tonteira ou uma dor de cabeça muito forte.

Rebeca aproveitou pra se agarrar na mala de um jeito que pra Mãe levantar a mala ia ter que levantar a Rebeca também.

E outra vez a buzina tocou.

A Mãe abriu o olho (parecia que a tonteira tinha passado), disse:

- Tchau. - E saiu correndo.

6. O pai volta tarde e encontra um bilhete no travesseiro

Querido pai

Não deu para eu cumprir a promessa. A Mãe foi mesmo embora.

Mas a mala dela ficou. E eu acho que assim, sem mala, sem roupa para trocar, sem escova de dente nem nada, não vai dar para a Mãe ficar muito tempo sem voltar. Não sei. Vamos ver. Eu arrastei a mala e escondi ela debaixo da sua cama, viu?

Um beijo da

Rebeca.



Professora Milena

Expressa certeza absolutamente apresentando o fato de uma maneira real, certa, positiva.

• Presente - Indica o fato no momento em que se fala (ele conjuga).
• Pretérito imperfeito - Indica um acontecimento que se prolongou ao longo do tempo com inicio e fim no passado (eu estudava);' 'Uma ação incompleta realizada no passado.
• Pretérito perfeito - Indica um acontecimento que se iniciou e terminou no passado durante pouco tempo (eu caí é quase imediato).
• Pretérito mais-que-perfeito - Indica um fato passado em relação a outro (ele conjugara).
• Futuro do presente - Indica um fato que irá acontecer no futuro (eu conjugarei).
• Futuro do pretérito - Indica um futuro que ocorre no passado (ele conjugaria)-uma coisa que poderia ter acontecido.

Presente

Eu canto
Tu cantas
Ele canta
Nós cantamos
Vós cantais
Eles cantam

Pretérito Perfeito
Eu cantei
Tu cantaste
Ele cantou
Nós cantamos
Vós cantastes
Eles cantaram

Pretérito Imperfeito
Eu cantava
Tu cantavas
Ele cantava
Nós cantávamos
Vós cantáveis
Eles cantavam

Pretérito mais-que-perfeito
Eu cantara
Tu cantaras
Ele cantara
Nós cantáramos
Vós cantáreis
Eles cantaram

Futuro do Presente
Eu cantarei
Tu cantarás
Ele cantará
Nós cantaremos
Vós cantareis
Eles cantarão

Futuro do Pretérito
Eu cantaria
Tu cantarias
Ele cantaria
Nós cantaríamos
Vós cantaríeis
Eles cantariam

Presente
Eu vivo
Tu vives
Ele vive
Nós vivemos
Vós viveis
Eles vivem

Pretérito Perfeito
Eu vivi
Tu viveste
Ele viveu
Nós vivemos
Vós vivestes
Eles viveram

Pretérito Imperfeito
Eu vivia
Tu vivias
Ele vivia
Nós vivíamos
Vós vivíeis
Eles viviam

Pretérito mais-que-perfeito
Eu vivera
Tu viveras
Ele vivera
Nós vivêramos
Vós vivêreis
Eles viveram

Futuro do Presente
Eu viverei
Tu viverás
Ele viverá
Nós viveremos
Vós vivereis
Eles viverão

Futuro do Pretérito
Eu viveria
Tu viverias
Ele viveria
Nós viveríamos
Vós viveríeis
Eles viveriam

Presente
Eu parto
Tu partes
Ele parte
Nós partimos
Vós partis
Eles partem

Pretérito Perfeito
Eu parti
Tu partiste
Ele partiu
Nós partimos
Vós partistes
Eles partiram

Pretérito Imperfeito
Eu partia
Tu partias
Ele partia
Nós partíamos
Vós partieis
Eles partiam

Pretérito mais-que-perfeito
Eu partira
Tu partiras
Ele partira
Nós partíramos
Vós partíreis
Eles partiram

Futuro do Presente
Eu partirei
Tu partirás
Ele partirá
Nós partiremos
Vós partireis
Eles partirão

Futuro do Pretérito
Eu partiria
Tu partirias
Ele partiria
Nós partiríamos
Vós partirieis
Eles partiriam

Exercícios

1) Preencha as lacunas com os verbos indicados nos parênteses:
a) Os adultos não __________ o suficiente. ( ler – Presente do Indicativo )
b) Tu _______________ bem cedo ontem? ( partir – Pretérito Perfeito do Indicativo)
c) Os médicos __________ os remédios adequados. ( dar – Presente do Indicativo)
d) Nós _______________ um enorme bolo de chocolate. ( fazer – Pret. mais que Perfeito do Indicativo)
e) Lídia e José ____________ viajar de navio nas férias. ( ir – Pretérito Imperfeito do Ind.)
f) Nós ________________ as informações corretas. ( dar – Futuro. do Pretérito. do Ind.)
g) Tu ________________ ausente do trabalho? ( estar – Pret. Perfeito do Indicativo)
h) Ivo e Iara _____________ o jogo de vôlei juntos. ( ver – Presente do Indicativo )
i) Nós __________________ o relatório todo. ( fazer – Pret. mais que Perfeito do Ind.)
j) Elas _______________ para ficar aqui no Brasil. ( vir – Pretérito Imperfeito do Ind.)
k) Angela ______________ ao Rio de Janeiro com a família. (ir – Pretérito Perfeito do Ind.)
l) Rita e Lúcia ________________ no coral da igreja. ( cantar – Futuro do Presente do Ind.)

2) Relacione as frases com o tempo verbal do Modo Indicativo: ( 1 ) Presente ( 2 ) Pretérito Perfeito ( 3 ) Pretérito Mais Que Perfeito ( 4 ) Pretérito Imperfeito ( 5 ) Futuro do Presente ( 6 ) Futuro do Pretérito
a) ( ) Eu pus o sapato no armário.
b) ( ) Eles fizeram tudo por vocês.
c) ( ) Ninguém será feliz aqui !
d) ( ) Todos comporíamos melhor no campo.
e) ( ) Eu ponho a marmita no fogo!
f) ( ) Ele, por acaso, saberia o que fazer?

3) Conjugar os verbos dançar, correr e dormir.

No discurso indireto não há diálogo, o narrador não põe as personagens a falar diretamente, mas faz-se o intérprete delas, transmitindo ao leitor o que disseram ou pensaram. Exemplo:


"A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo."

Fonte: http://www.algosobre.com.br/redacao/discurso-direto-e-indireto.html

O discurso é direto quando são as personagens que falam. O narrador, interrompendo a narrativa, põe-nas em cena e cede-lhes a palavra. Exemplo:


"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.

- Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.

- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
Machado de Assis, Quincas Borba,

Fonte: http://www.algosobre.com.br/redacao/discurso-direto-e-indireto.html

Discurso indireto livre: Esse tipo de citação exige muita atenção do leitor, porque a fala do personagem não é destacada pelas aspas, nem introduzida por verbo dicendi ou travessão. A fala surge de repente, no meio da narração, como se fossem palavras do narrador. Mas, na verdade, são as palavras do personagem, que surgem como atrevidas, sem avisar a ninguém.


Exemplo: Carolina já não sabia o que fazer. Estava desesperada, com a fome encarrapitada. Que fome! Que faço? Mas parecia que uma luz existia…

A fala da personagem – em negrito, para que você possa enxergá-la – não foi destacada. Cabe ao leitor atento a sua identificação.

Fonte: http://falabonito.wordpress.com/2006/12/13/narracao-discursos-direto-indireto-e-indireto-livre/

Lygia Fagundes Telles

Ela subiu sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.

Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinha um jeito jovial de estudante.

_ Minha querida Raquel.

Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.

_ Veja que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que ideia, Ricardo, que ideia! Tive que descer do táxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima.

Ele riu entre malicioso e ingênuo.

_ Jamais? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância! Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete léguas, lembra?

Foi para me dizer isso que você me fez subir até aqui? – perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro.

_Hein?! Ah, Raquel... – e ele tomou-a pelo braço. Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado... Juro que eu tinha que ver ainda uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então? Fiz mal?

Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz. – E que é isso aí? Um cemitério?

Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.

_ Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo acrescentou apontando as crianças na sua ciranda.

Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro.

_ Ricardo e suas ideias. E agora? Qual o programa?

Brandamente ele a tomou pela cintura.

_ Conheço bem tudo isso, minha gente está, enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr-do-sol mais lindo do mundo.

Ela encarou-o um instante. Envergou a cabeça para trás numa risada.

_ Ver o pôr-do-sol!... Ali, meu Deus... Fabuloso, fabuloso!... Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr-do-sol num cemitério...

Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.

_ Raquel, minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura...

_ E você acha que eu iria?

_ Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um pouco numa rua afastada... – disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram-se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento.

_ Você fez bem em vir.

_ Quer dizer que o programa... E não podíamos tomar alguma coisa num bar?

_ Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.

_ Mas eu pago.

_ Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver um passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.

Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.

_ Foi um risco enorme, Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero só ver se alguma das suas fabulosas ideias vai me consertar a vida.

_ Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado _ prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram.

_ Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.

_ É um risco enorme, já disse. Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.

_ Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo.

O mato rasteiro dominava tudo. E não satisfeito de ter-se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrara-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira as alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos, medalhões de retratos esmaltados.

_ É imenso, hein? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, que deprimente – exclamou ela, atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada. –Vamos embora, Ricardo, chega.

_ Ali, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da noite, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambiguidade. Estou-lhe dando um crepúsculo numa bandeja, e você se queixa.

_ Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre.

Delicadamente ele beijou-lhe a mão.

_ Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.

_ É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.

_ Ele é tão rico assim?

_ Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro...

Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.

_ Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?

Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.

_ Sabe, Ricardo, acho que você é mesmo meio tantã... Mas apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo.

_ Que ano aquele! Quando penso, não entendo como aguentei tanto, imagine, um ano!

_ É que você tinha lido A Dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora?

_ Nenhum – respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: minha querida esposa, eternas saudades – leu em voz baixa.

_ Pois sim. Durou pouco essa eternidade.

Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido.

_ Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja – disse apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda _, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas... Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso.

Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.

_ Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim. – Deu-lhe um rápido beijo na face. – Chega, Ricardo, quero ir embora.

_ Mais alguns passos...

_ Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para trás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.

_ A boa vida te deixou preguiçosa? Que feio – lamentou ele, impelindo-o para a frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr-do-sol. Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.

_ Sua prima também?

Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos... Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas... Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.

_Vocês se amaram?

_Ela me amou. Foi a única criatura que... – Fez um gesto. – Enfim, não tem importância.

Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o.

_ Eu gostei de você, Ricardo.'

_E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença?

Um pássaro rompeu cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.

_ Esfriou, não? Vamos embora.

_ Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos.

Pararam diante de uma capelinha coberta: de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre osbraços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombros do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba.

Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.

_Que triste que é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?

Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu, melancólico.

_ Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo? Mas já disse que o que mais amo neste cemitério é precisamente este abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.

Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semiobscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento.

_ E lá embaixo?

_ Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó _ murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la. – A cômoda de pedra. Não é grandiosa?

Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.

_ Todas essas gavetas estão cheias?

_ Cheias?... Só as que têm o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe – prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado embutido no centro da gaveta.

. Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.

_ Vamos, Ricardo, vamos.

_ Você está com medo.

_ Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!

Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado.

_ A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato, duas semanas antes de morrer... Prendeu os cabelos com uma fita azul e veio se exibir, estou bonita? Estou bonita?... _ Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente. _ Não é que fosse bonita, mas os olhos... Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.

Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.

_ Que frio faz aqui. E que escuro, não estou enxergando!

Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.

_ Pegue, dá para ver muito bem... – Afastou-se para o lado. – Repare nos olhos.

_Mas está tão desbotado, mal se vê que é uma moça... – Antes da chama se apagar, aproximou-o da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente. – Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil e oitocentos e falecida... – Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel. – Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti...

Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso.

_ Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso! Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu?

Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-o da fechadura e saltou para trás.

_Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco. – Detesto este tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!

- Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta tem uma frincha na porta. Depois vai se afastando devagarzinho,bem devagarzinho. Você terá o pôr-do-sol mais belo do mundo.

Ela sacudia a portinhola.

_ Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente! – Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. – Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra...

Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.

_Boa noite, Raquel.

_Chega, Ricardo! Você vai me pagar!... – gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo. – Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos! – exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela

argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando.

_Não, não...

Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando, as duas folhas escancaradas.

_ Boa noite, meu anjo.

Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se, entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.

_ Não.

Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano:

_ NÃO!

Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de, um animal sendo,estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora, qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda.



Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade.
Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas idéias da obra citada ou contestando-as. Exemplos:

Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Textos que utilizam a intertextualidade com o original
Minha terra tem Palmeiras,

Corinthians e outros times
de copas exuberantes
que ocultam muitos crimes.
As aves que aqui revoam
são corvos do nunca mais,
a povoar nossa noite
com duros olhos de açoite
que os anos esquecem jamais.
(Eduardo Alves da Costa, Outra Canção do Exílio)


Lenine

Tá cansada, senta
Se acredita, tenta
Se tá frio, esquenta
Se tá fora, entra
Se pediu, agüenta
Se pediu, agüenta...

Se sujou, cai fora
Se dá pé, namora
Tá doendo, chora
Tá caindo, escora
Não tá bom, melhora
Não tá bom, melhora...

Se aperta, grite
Se tá chato, agite
Se não tem, credite
Se foi falta, apite
Se não é, imite...

Se é do mato, amanse
Trabalhou, descanse
Se tem festa, dance
Se tá longe, alcance
Use sua chance
Use sua chance...

Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô!, Hum!...

Se tá puto, quebre
Ta feliz, requebre
Se venceu, celebre
Se tá velho, alquebre
Corra atrás da lebre
Corra atrás da lebre...

Se perdeu, procure
Se é seu, segure
Se tá mal, se cure
Se é verdade, jure
Quer saber, apure
Quer saber, apure...

Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo, se rebele
Nunca se atropele...

Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
E quer dever, prometa
Prá moldar, derreta
Não se submeta
Não se submeta...

Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô! Hum!...(2x)

Di Ferrero, MV Bill e Pitty

Alô, aumente o som!
Tem alguém aí me ouvindo?
Aham !
Um novo dia chegou.

E eu quero, pra começar
Dizer que a onda é de quem chegar
Então não to sozinho nessa

Vem curtir comigo o dia já vem
Abra a felicidade você também
Vamos sentir algo novo
Vem curtir comigo, isso faz tão bem
Abra um sorriso no rosto de alguém
Pra eu sentir como é bom

Abra a felicidade que tem aí
Abra a felicidade que tem aí
Abra a felicidade que tem aí
Abra a felicidade que tem aí

Dá licença
Han Han chega aí
Que eu tenho uma parada pra você ouvir
Hoje eu acordei num clima bacana
Alegria transbordou e me lembrou que alguém me ama
Veja só: ontem eu tava perdido, é...
Hoje eu tô sem problema e muito leve
Até pode acontecer o mesmo com você
Eu tô rindo à toa, quem mais vai querer?

Quero ver o sol brilhar
Sem parar
Será que é pedir demais?
Claro que não .
Hoje eu quero sair
Com meus amigos por aí
A vida é muito curta
Pra que desperdiçar?

Vem curtir comigo o dia já vem
Abra a felicidade você também
Vamos sentir algo novo
Vem curtir comigo, isso faz tão bem
Abra um sorriso no rosto de alguém
Pra eu sentir como é bom

Se você ouve o seu coração
O mundo cabe na sua mão
Quem planta amores pelo caminho
Não encontra nenhum espinho

E quem sabe eu te encontro lá
Existe tanto a compartilhar
Eu já ergui a ponte
É só atravessar

Vem curtir comigo o dia já vem
Abra a felicidade você também
Vamos sentir algo novo
Vem curtir comigo, isso faz tão bem
Abra um sorriso no rosto de alguém
Pra eu sentir como é bom

Abra a felicidade que tem aí
Abra a felicidade que tem aí
Abra a felicidade que tem aí
Abra a felicidade que tem aí

Paulo Mendes Campos
Avental branco, pincenê vermelho, bigodes azuis, ei-lo, grave, aplicando sobre o peito descoberto duma criancinha um estetoscópio, e depois a injeção que a enfermeira lhe passa.
O avental na verdade é uma camisa de homem adulto a bater-lhe pelos joelhos; os bigodes foram pintados por sua irmã, a enfermeira; a criancinha é uma boneca de olhos cerúleos, mas já meio careca, que atende pelo nome de Rosinha; os instrumentos para exame e cirurgia saem duma caixinha de brinquedos.
Ela, seis anos e meio; o doutor tem cinco. Enquanto trabalham, a enfermeira presta informações:
- Esta menina é boba mesmo, não gosta de injeção, nem de vitamina, mas a irmãzinha dela adora.
O médico segura o microscópio, focaliza-o dentro da boca de Rosinha, pede uma colher, manda a paciente dizer aaá. Rosinha diz aaá pelos lábios da enfermeira. O médico apanha o pincenê, que escorreu de seu nariz, rabisca uma receita, enquanto a enfermeira continua:
- O senhor pode dar injeção que eu faço ela tomar de qualquer jeito, porque é claro que se ela não quiser, né, vai ficar muito magrinha que até o vento carrega.
O médico, no entanto, prefere enrolar uma gaze em torno do pescoço da boneca, diagnosticando:
- Mordida de leão.
- Mordida de leão? - pergunta, desapontada, a enfermeira, para logo aceitar este faz-de-conta dentro do outro faz-de-conta. - Eu já disse tanto, meu Deus, para essa garota não ir na floresta brincar com Chapeuzinho Vermelho...
Novos clientes desfilam pela clínica: uma baiana de acarajé, um urso muito resfriado, porque só gostava de neve, um cachorro atropelado por lotação, outras bonecas de vários tamanhos, um Papai Noel, uma bola de borracha e até mesmo o pai e a mãe do médico e da enfermeira.
De repente, o médico diz que está com sede e corre para a cozinha, apertando o pincenê contra o rosto. A mãe se aproveita disso para dar um beijo violento no seu amor de filho e também para preparar-lhe um copázio de vitaminas: tomate, cenoura, maçã, banana, limão, laranja e aveia. O famoso pediatra, com um esgar colérico, recusa a formidável droga.
- Tem de tomar, senão quem acaba no médico é você mesmo, doutor.
Ele implora em vão por uma bebida mais inócua. O copo é levado com energia aos seus lábios, a beberagem é provada com uma careta. Em seguida, propõe um trato:
- Só se você depois me der um sorvete.
A terrível mistura é sorvida com dificuldade e repugnância, seus olhos se alteram nas órbitas, um engasgo devolve o restinho. A operação durou um quarto de hora.
A mãe recolhe o copo vazio com a alegria da vitória e aplica no menino uma palmadinha carinhosa, revidada com a ameaça dum chute. Já estamos a essa altura, como não podia deixar de ser, presenciando a metamorfose do médico em monstro.
Ao passar zunindo pela sala, o pincenê e o avental são atirados sobre o tapete com um gesto desabrido. Do antigo médico resta um lindo bigode azul. De máscara preta e espada, Mr. Hyde penetra no quarto, onde a doce enfermeira continua a brincar, e desfaz com uma espadeirada todo o consultório: microscópio, estetoscópio, remédios, seringa, termômetro, tesoura, gaze, esparadrapo, bonecas, tudo se derrama pelo chão. A enfermeira dá um grito de horror e começa a chorar nervosamente. O monstro, exultante, espeta-lhe a espada na barriga e brada:
- Eu sou o Demônio do Deserto!
Ainda sob o efeito das vitaminas, preso na solidão escura do mal, desatento a qualquer autoridade materna ou paterna, com o diabo no corpo, o monstro vai espalhando terror a seu redor: é a televisão ligada ao máximo, é o divã massacrado sob os seus pés, é uma corneta indo tinir no ouvido da cozinheira, um vaso quebrado, uma cortina que se despenca, um grito, um uivo, um rugido animal, é o doce derramado, a torneira inundando o banheiro, a revista nova dilacerada, é, enfim, o flagelo à solta no sexto andar dum apartamento carioca.
Subitamente, o monstro se acalma. Suado e ofegante, senta-se sobre os joelhos do pai, pedindo com doçura que conte uma história ou lhe compre um carneirinho de verdade.
E a paz e a ternura de novo abrem suas asas num lar ameaçado pelas forças do mal.

James Finn Garner

Era uma vez três porquinhos que viviam juntos, unidos pelo respeito mútuo, e em harmonia com o meio ambiente. Usando materias nativas daquela região, cada um deles construiu uma linda casa. Um porquinho construiu uma casa de palha, outro uma casa de madeira, e o terceiro uma casa com tijolos feitos com fibras naturais e rampas para deficientes físicos na calçada. Quando terminaram os porquinhos ficaram satisfeitos com o seu trabalho e instalaram-se para viver em paz e autonomia.Mas esse idílio foi logo quebrado. Um dia lá se veio um lobo com idéias expansionistas. Viu os porquinhos e ficou faminto, tanto no sentido físico quanto no ideológico. Quando os porquinhos viram o lobo correram para a casa de palha. O lobo disfarçou-se de entregador de pizzas e tocou a campainha.Quando os porquinhos abriram a porta o lobo anunciou: "É a pizza!"Mas os porquinhos responderam: " Não comemos pizzas. Pizzas são gordurosas e têm muito amido, o que vai contra qualquer dieta saudável.""Mas é pizza diet!" retrucou o lobo. Revoltados com a propaganda enganosa, os porquinhos bateram a porta na cara do lobo, que, enfurecido, gritou: "Porquinhos, porquinhos, deixem-me entrar!" E os porquinhos responderam: "A sua tática de ataque não mete medo a porquinhos que defendem o seu lar e a sua cultura." Mas o lobo não desejava frustar o que considerava ser seu destino manifesto. E assim ele soprou e bufou e pôs abaixo a casa de palha. Os porquinhos, aterrorizados, correram para a casa de madeira, com o lobo logo atrás deles. No lugar da casa de palha, outros lobos compraram a terra e iniciaram uma plantação de bananas, usando indiscriminadamente pesticidas e fertilizantes químicos.Na casa de madeira, o lobo esmurrou a porta e gritou: "Porquinhos, porquinhos deixem-me entrar!"E os porquinhos responderam: "Vá para o inferno, seu opressor carnívoro, seu imperialista!"Ouvindo isto o lobo sorriu e pensou: "Eles são tão infantis. É uma pena que tenham que morrer, mas não se pode deter o progresso".E assim o lobo pôs abaixo a casa de madeira. Os porquinhos correram para a casa de tijolos. No lugar da casa de madeira, outros lobos construíram um complexo turístico de trinta andares, desrespeitando a área protegida da região.Na casa de tijolos, o lobo novamente gritou: "PORQUINHOS, DEIXEM-ME ENTAR!"Desta vez, como resposta, os três cantaram canções de solidariedade e enviaram cartas de protesto às Nações Unidas. Nesta altura, o lobo estava a ficar zangado com a recusa dos porquinhos em encarar o problema pelo ponto de vista de um carnívoro. Então, ele soprou e bufou, soprou e bufou, até que segurou o peito e caiu fulminado com um infarte causado por colesterol alto, vida sedentária e excesso de cigarros.Os três porquinhos rejubilaram, pois a justiça triunfara, e dançaram em volta do corpo do lobo. O próximo passo foi libertar o território ocupado. Reuniram porquinhos que tinham sido expulsos das suas terras e, juntos, exigiram a intervenção do exército que cercou o local e, sem o uso da força, invadir lares, ou desrespeitar os direitos dos lobos trabalhadores, acabou com o crime organizado. Os porquinhos estabeleceram uma social-democracia modelar com educação gratuita, seguro de saúde para todos e, é claro, financiamento da casa própria.
Nota: O lobo deste conto é apenas uma metáfora. Lobos verdadeiros não foram molestados nem sofreram danos físicos no decorrer da história.

Eva Furnari
Eu sou uma pessoa assim: adoro ver filme de madrugada na televisão, daqueles que sempre acabam bem no final.
Outra coisa que eu adoro são coisas pequenas: miniaturas, caixinhas, passarinhos de madeira e cerâmica.
Faço coleção de pedras. Toda vez que vou viajar trago umas pedrinhas, às vezes até pedronas, coisa que dá um pouco de trabalho pra carregar.
Adoro: doces, plantas, música e verão.
Tem mais uma coisa. Adoro inventar histórias.
Também tenho um montão de implicâncias: sapato apertado, tomar banho gelado, ter que pegar fila no banco, abacaxi, mas o que eu mais implico é que me acordem cedo, principalmente pelo telefone.
Coisas que eu gostaria de aprender a fazer: tocar piano e fazer crochê.
Tenho dois filhos: Claudia e Paulo, que são um barato.
Sou assim, magra, uso óculos, tenho cabelo curto, trabalho bastante, tenho excesso de imaginação e sou supersticiosa.