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Beijosss da Pro

Machado de Assis

PAR Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Carmo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem que é uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa cantada daqueles anos remotos. Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacristães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, as sanefas, as luzes, os incensos, nada Não falo sequer da orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra com alma e devoção.
PAR Chama-se Romão Pires; terá sessenta anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. É bom músico e bom homem; todos os músicos gostam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tempo. "Quem rege a missa é mestre Romão" — equivalia a esta outra forma de anúncio, anos depois: "Entra em cena o ator João Caetano"; — ou então: "0 ator Martinho cantará uma de suas melhores árias". Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular. Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Romão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orquestra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele rege agora no Carmo é de José Mauríciot; mas ele rege-a com o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua.
PAR Acabou a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o rosto apenas alumiado da luz ordinária. Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sacristia beijar a mão aos padres e aceita um lugar à mesa do jantar. Tudo isso indiferente e calado. Jantou, saiu, caminhou para a Rua da Mãe dos Homens, onde reside, com um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e que neste momento conversa com uma vizinha.
PAR — Mestre Romão lá vem, pai José — disse a vizinha.
PAR — Eh! eh! adeus, sinhá, até logo.
PAR Pai José deu um salto, entrou em casa, e esperou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo ar do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre. Não tinha o menor vestígio de mulher, velha ou moça, nem passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou jucundas. Casa sombria e nua. 0 mais alegre era um cravo, onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando. Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhuma dele...
PAR Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as últimas representam uma luta constante e estéril entre o impulso interior e a ausência de um modo de comunicação com os homens. Romão era destas. Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta era a causa única de tristeza de mestre Romão. Naturalmente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo; mas a verdade é esta: - a causa da melancolia de mestre Romão era não poder compor, não possuir o meio de traduzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e não interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía informe, sem idéia nem harmonia. Nos últimos tempos tinha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada.
PAR E, entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça, um canto esponsalício, começado três dias depois de casado, em 1779. A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu com vinte e três, não era muito bonita, nem pouco, mas extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela. Três dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si alguma coisa parecida com inspiração. Ideou então o canto esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde sair. Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impaciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. Algumas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra de uma folha de papel, não mais. Teimou no dia seguinte, dez dias depois, vinte vezes durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele releu essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais triste, por não ter podido fixar no papel a sensação de felicidade extinta.
PAR — Pai José — disse ele ao entrar —, sinto-me hoje adoentado.
PAR — Sinhô comeu alguma coisa que fez mal...
PAR — Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica...
PAR O boticário mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia seguinte mestre Romão não se sentia melhor. E preciso dizer que ele padecia do coração: — moléstia grave e crônica. Pai José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cedera ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico.
PAR — Para quê? - disse o mestre. — Isto passa.
PAR O dia não acabou pior; e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que entretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam-lhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos capotes que o boticário lhe dava no gamão — outro que eram amores. Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo dizia que era o final.
PAR "Está acabado", pensava ele.
PAR Um dia de manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente mal; e foi isso o que ele lhe viu na fisionomia por trás das palavras enganadoras:
PAR — Isto não é nada; é preciso não pensar em músicas...
PAR Em músicas! justamente esta palavra do médico deu ao mestre um pensamento. Logo que ficou só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde 1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas arrancadas a custo, e não concluídas. E então teve uma idéia singular: — rematar a obra agora, fosse como fosse; qualquer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma na terra.
PAR — Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e se conte que um mestre Romão...
PAR O princípio do canto rematava em um certo lá; este lá, que lhe caía bem no lugar, era a nota derradeiramente escrita. Mestre Romão ordenou que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na janela dos fundos de outra casa dois casadinhos de oito dias, debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas mãos presas. Mestre Romão sorriu com tristeza.
PAR — Aqueles chegam — disse ele —, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles poderão tocar...
PAR Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e chegou ao lá...
PAR — Lá, lá, lá...
PAR Nada, não passava adiante. E contudo, ele sabia música como gente.
PAR Lá, dó... lá, mi... lá, si, dó, ré... ré... ré...
PAR Impossível! nenhuma inspiração. Não exigia uma peça profundamente original , mas enfim alguma coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mulher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava os olhos pela janela para o lados casadinhos. Estes continuavam ali, com as mãos presas e os braços passados nos ombros um do outro; a diferença é que se miravam agora, em vez de olhar para baixo: Mestre Romão, ofegante da moléstia e de impaciência, tornava ao cravo; mas a vista do casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não soavam.
PAR — Lá... lá... lá...
PAR Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem sabida, na qual coisa um certo lá trazia após si uma linda frase musical, justamente a que mestre Romão procurara durante anos sem achar nunca. 0 mestre ouviu-a com tristeza, abanou a cabeça, e à noite expirou.

PAR O texto foi extraído do livro "O alienista e outros contos", Editora Moderna - São Paulo, 1997, pág. 78.

PAR Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que freqüentará o autodidata Machado de Assis.
PAR De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.
PAR Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais.
PAR Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.
PAR (…)
PAR É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.
PAR Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.
PAR Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos."

PAR Para saber mais accesse http://www.releituras.com/machadodeassis_bio.asp
PAR Retirado do site http://www.releituras.com/machadodeassis_bio.asp

1. Estrutura Narrativa
PAR Um romance, uma novela, um conto ou um simples fato narrado caracterizam-se por uma sucessão de eventos, de uma situação inicial a uma situação final. Essa progressão é marcada por acontecimentos, fatos ou imprevistos (= peripécias). Assim, temos:
PAR Os três momentos da transformação
- Situação Inicial: Justifica, na maioria das vezes, o desencadeamento da (s) ação (ões)
­ Progressão = transformação (ões) que ocorre (m) da situação inicial à situação final.
­ Peripécias = incidentes; imprevistos; transformações.
­ Episódios = momentos sucessivos de uma narrativa, geralmente marcados por uma peripécia dominante.
- Enredo =Seqüência de fatos
­ Ação (ões) Perturbadora (s): Incidente (s) que subverte (m) a ordem estabelecida.
­ Ação (ões) Modificadora (s): Seqüência de mudanças; trocas.
­ Ação (ões) De Desenlace: Solução ou retorno à ordem aparente.
- Situação Final

2. Foco narrativo

PAR O foco narrativo (ou ponto de vista) designa a perspectiva adotada pelo narrador para contar a história. Pode ser externo, interno ou onisciente.
­ - O ponto de vista externo caracteriza uma narrativa objetiva, feita por um observador “de fora”, que não conhece nem o pensamento, nem o passado das personagens. Ele exprime uma visão incompleta.
­ - O ponto de vista interno caracteriza uma visão dos acontecimentos de uma das personagens da história. Exprime uma visão parcial, subjetiva.
­ - No ponto de vista onisciente, os fatos são apresentados por um narrador que conhece todos os fatos e pensamentos das personagens. Exprime uma visão global.

3. Personagens
­ - FunçõesPAR Quanto à função que desempenham na narrativa, as personagens podem ser:
PAR - Protagonista: personagem central, sobre a qual recai o interesse da narrativa.
PAR - Antagonista: elemento ou pessoa que cria o clima de tensão, opondo-se ao protagonista.
PAR - Personagens secundárias: personagens sem grande importância na narrativa, também chamadas de coadjuvantes.
PAR - Narrador: aquele que conta a história. Quando a focalização é interna, pode ser uma personagem secundária, o protagonista ou antagonista.
PAR Observação: pode haver mais de um protagonista ou mais de um antagonista numa mesma narrativa.

­ - Caracterização

PAR Conforme o modo como são caracterizadas, as personagens classificam-se em:
PAR - Indivíduo: personagem que possui características pessoais marcantes, que acentuam a sua individualidade.
PAR - Caricatura: apresenta um desenvolvimento exagerado dos traços da sua personalidade.
PAR - Típica: representante de um grupo social, nacional, regional, profissional, etc.

­ - Evolução das personagens
PAR Quanto à evolução, as personagens se apresentam como:
PAR - Planas ou estacionárias: não mudam no decorrer da narrativa.
PAR - Esféricas ou evolutivas: vão sendo definidas no decorrer da narrativa, evoluindo e, algumas vezes, surpreendendo o leitor.

­ - Apresentação das personagens

PAR Para apresentar as personagens, o narrador pode valer-se dos seguintes métodos:
PAR - Implícito ou indireto: a personagem vai se revelando por índices da narrativa, através de deduções do leitor.
PAR - Explícito ou direto: a personagem é revelada diretamente, por meio de descrições e comentários feitos por outra personagem ou narrador.

4. Narração e FicçãoPAR Em uma narrativa, convém distinguir a ficção (aquilo que é contado) da narração (o ato narrativo, a maneira de contar uma história).
PAR O ato narrativo pode situar-se antes, durante ou depois dos fatos relatados.

PAR Um macaco passeava-se à beira de um rio, quando viu um peixe dentro de água. Como não conhecia aquele animal, pensou que estava a afogar-se. Conseguiu apanhá-lo e ficou muito contente quando o viu aos pulos, preso nos seus dedos, achando que aqueles saltos eram sinais de uma grande alegria por ter sido salvo. Pouco depois, quando o peixe parou de se mexer e o macaco percebeu que estava morto, comentou - que pena eu não ter chegado mais cedo!
COUTO, Mia. Epígrafe do conto "nas águas do tempo".
In Estórias abensonhadas. Portugal: Editorial Caminho, 2001.

PAR A legenda é um pequeno texto que explica e amplia a compreensão da foto. Ela deve ajudar o leitor a tirar pleno proveito da foto, não apenas repetindo o que se vê, mas chamando a atenção a detalhes importantes. É aconselhável que ela siga um padrão:
PAR Nomes dos fotógrafos. Título da fotografia. Local onde foi tirada. Breve comentário.

PAR Nos dias de hoje, nossa sociedade de consumo apóia-se na imagem quase como uma religião e o fotojornalismo apresenta uma estreita relação com a representação visual, com função bem determinada e características próprias. A imagem registrada na fotografia é importante elemento de atualidade, de interesse social, documental e informativo.
PAR Na qualidade de informação visual, a fotografia ocupa um lugar único no jornalismo. Ela pode transmitir informações detalhadas, suscitando emoção, beleza e chamando atenção do leitor para a notícia ser lida.
PAR O repórter fotográfico precisa ser bem informado, estar atualizado com os fatos a serem registrados, ser rápido em seu olhar para transmitir a emoção do momento e, como bom profissional, é preciso estar atento a todos os movimentos a seu redor, sendo isso o que o diferencia de um fotógrafo.
PAR Há mais de cem anos a fotografia em preto e branco traduziu a História em fatos e acontecimentos. A partir dos anos 70, a fotografia ganhou espaço em revistas e, dos anos 80 até nossos dias, ela está presente também nos jornais.

PAVANI. C.; JUNQUER , A.; CORTEZ. E.
Jornal: uma abertura para a educação.
Campina: Papirus. 2007. pp. 48 e 49.

- O que são e como se encontram as palavras-chave?
PAR A repetição é o que nos ajuda a encontrar as palavras-chave em um texto. Mas o que se repete? Não apenas a mesma palavra, mas o seu sentido em uma rede de sinônimos e antò­nimos ou de paráfrases. Essa rede nos permite recuperar o conteúdo nuclear do texto. As pa­lavras que estabelecem entre si estas relações de sentido no texto são palavras-chave.
PAR Assim, as palavras-chave aparecem no texto repetidas, modificadas ou por meio de sinônimos ou antônimos. Elas orientam a nossa leitura, mantendo o nosso olhar naquilo que é impor­tante dentro do texto. Assim, por exemplo, no texto Mídia e comunicação de massa. "tecnolo­gia" (substantivo) e "tecnológico" (adjetivo) não são duas palavras-chave diferente, mas uma só, que podemos designar por "tecnologia" apenas. O mesmo ocorrendo com “comunicação”, “co­municamos”, “comunicar”, “incomunicável”... a palavra-chave é a mesma, “comunicação”.
- No texto Mídia e comunicação de massa, quais são as palavras-chave?
PAR O título, sem dúvida, serve de ajuda: mí­dia e comunicação são as palavras que mais aparecem no texto. Mídia aparece retomada também como "meios".
PAR Além disso, a palavra "tecnologia" aparece re­tomada seis vezes. E também uma palavra-chave.
PAR A partir daí podemos elaborar um esque­ma usando as palavras-chave: mídia -> tecnologia -> comunicação
PAR Podemos propor que se encontre uma frase que traduza esse esquema: A mídia usa a tecnologia para promo­ver a comunicação.
PAREssa é a idéia central do texto.

Texto para resumo

Mídia e comunicação de massa

PARA palavra mídia vem do latim, de mi­dia. Nessa antiga língua que deu origem ao português, midia é o plural de médium, que significa "meio". Ou seja, mídia é o mesmo que "meios". Meio é aquilo que utilizamos para chegar a algum lugar. Como um ôni­bus ou um carro que nos leva onde dese­ jamos ir. Mas a palavra mídia é reservada não para o transporte, e sim para a comu­nicação humana.
PARMídia é o conjunto de tecnologias es­pecíficas pecíficas usadas por uma instituição, como uma emissora de televisão, por exemplo, para possibilitar a comunicação humana. É importante notar também que a mídia faz uso da tecnologia. Em outras palavras, isso significa que, para haver mídia, é necessário que exista um intermediário tecnológico, permitindo que a comunicação se realize. Quando a comunicação acontece por meio de um intermediário tecnológico, dizemos, então, que se trata de comunicação midiatizada.
PARClaro, no início da humanidade a comunica­ção não era midiatizada, isso porque não havia tecnologia suficiente. Hoje, no entanto, o que não faltam são instrumentos para nos facilitarem o processo comunicativo, ou seja, para funciona­rem como meios de comunicação ou, se preferir, mídia: telefones, televisão, cinema, fotografia, jornal, rádio etc.
PARTambém, quando falamos em mídia, duas características se destacam: primeiro, a unidire­cionalidade, ou seja, a mídia é, normalmente, o caminho para uma voz falar com um outro, mas não dá a oportunidade de resposta. É o caso da televisão, do rádio e do jornal. Usando esses meios de comunicação, é fácil uma pessoa fa­lar com você, mas responder-lhe já é muito mais difícil; segundo, a produção centralizada e pa­dronizada de conteúdos. Isso quer dizer que o: programas de televisão, rádio e os articos de Jor­nal não estão falando com você, especificamente, mas com pessoas como você. O risco disso é reduzir o receptor da comunicação da mídia a uma massa em que se perdem as características individuais e os seres humanos passam a ser vis­tos apenas como coletivos: os adolescentes, as mulheres, os homossexuais, os idosos etc.
PARAssim, hoje, quando mecionamos mídia, normalmente nos referimos ao conjunto for­mado pelas emissoras de rádio, televisão; edi­toras de revistas e jornais, produtoras de cine­ma e quaisquer outras instituições que fazem uso de tecnologias como meio de comunicar-se com as massas.

LANDEIRA. J. L. & MAT EOS, J. H.

Titãs

A televisão me deixou burro, muito burro demais
Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais
O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida
E agora toda noite quando deito é boa noite, querida.
Ô cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro que um espirro
fosse um virus sem cura
Vê se me entende pelo menas uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mae!
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu nao faço nada
A luz do sol me incomoda, entao deixa a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais
Ô cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe!
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu nao faço nada
A luz do sol me incomoda, entao deixa a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais
Ô cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!

PAR Notícia é a expressão de um fato novo, que desperta o interesse do público a que o jornal se destina. A notícia é um gênero textual tipicamente jornalístico e pode ser veiculada em jornais, escritos e falados, e em revistas.
PAR Na notícia, predomina a narração. Mas os jornais não se limitam a contar o que aconteceu . Eles vão além, contando também como e por que aconteceu determinado fato. Com base no texto em estudo, os elementos que normalmente compõem a notícia:
•o quê (fatos)
•quem (personagens / pessoas)
•quando (tempo)
•onde (lugar)
•como
•por quê
PAR A notícia apresenta uma estrutura própria, composta de duas partes: o lead e o corpo.
PAR Lead é um resumo do fato em poucas linhas e compreende, normalmente, o primeiro parágrafo da notícia. Contém as informações mais importantes e deve fornecer ao leitor a maior parte das respostas às seis perguntas básicas: o quê, quem, quando, onde, como e por quê.
PAR Corpo são os demais parágrafos da notícia, nos quais se faz o detalhamento do exposto no lead, por meio da apresentação ao leitor de novas informações, em ordem cronológica ou de importância. Na notícia em estudo, o segundo e terceiro parágrafos constituem o corpo.
PAR
Toda notícia é encabeçada por um título, que anuncia o assunto a ser desenvolvido. No título, devem-se empregar, com objetividade, palavras curtas e de uso comum.
PAR Uma notícia deve ser imparcial e objetiva, ou seja, deve expor fatos e não opiniões. A linguagem deve ser impessoal, clara, direta e precisa. Observe, na notícia em estudo, que os verbos e pronomes estão na 3.ª pessoa; não aparece a opinião do jornalista; e a linguagem é direta e concisa, resumindo-se ao essencial.
PAR Características da notícia:
•predomínio da narração, com a presença dos elementos essenciais de um texto narrativo: fato, pessoas envolvidas, tempo em que ocorreu o fato, o lugar onde ocorreu, como e por que ocorreu o fato;
•estrutura-padrão composta de lead e corpo; no lead normalmente se encontram as respostas às seis perguntas básicas: o quê, quem, quando, onde, como e por quê;
•título;
•linguagem impessoal, clara, precisa, objetiva, direta, de acordo com a variedade padrão da língua.

Exercícios

1. Este texto foi retirado de um jornal de Moçambique. Leia o texto atenciosamente e transcreva o texto em português do Brasil, não se esqueça de utilizar a norma padrão.

"Chapa" capota e fere 12 pessoas
Pelo menos doze pessoas ficaram feridas, duas das quais com alguma gravidade, quando uma viatura de transporte de passageiros vulgo "chapa", da rota Patrice Lumumba/Museu, despistou-se, capotou em seguida, na manhã de ontem, na Avenida de Moçambique, em frente do Cemitério de Lhanguene, na cidade de Maputo.
Maputo, Sábado, 20 de Outubro de 2007: Notícias
O facto ocorreu minutos antes das nove horas quando a mini-"bus", de marca Toyota Hiace, matrícula MMB 85-45, que circulava em direcção ao Museu, galgou os separadores montados naquela estrada e perdeu a direcção capotando de seguida.
Testemunhas que se encontravam no local, na hora da ocorrência disseram que o acidente resultou da excessiva velocidade com que a viatura circulava, porque o motorista começou a perder o controlo do carro um pouco depois de passar a ponte para travessia de peões montada naquela rodovia.
Na altura, o motorista procurava evitar um embate contra um camião que ali estava estacionado.
As vítimas que, de seguida, foram transferidas para o Hospital Geral José Macamo onde foram receber os primeiros cuidados médicos.
Jornal Notícias. Maputo, 20 out. 2007.

2. Observe os enunciados abaixo e traduza-os sem o auxílio do dicionário:
A. II Xornada de Cinema Galego: Viaxeiros de novas paisaxes. (galego)
B. El Alcalde de A Coruña pide prohibir vendas de alcohol a partir de las 22 horas. (espanhol)
C. La scuola ha in mano il futuro di una comunitá. (italiano)
D. L’école prends a la main le future d’une communité. (francês)

3. Por que essa línguas se parecem tanto?

4. Faça uma breve pesquisa sobre Fernando Pessoa, escritor português.

5. Analise o poema de Fernando Pessoa e a seguir responda:
A. A que acontecimento histórico se refere o texto poético?
B. A que se refere os versos “Valeu a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.”
C. O que é uma alma pequena?

Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

5. Este texto é uma poesia da banda Cordel do Fogo Encantado, de Arco Verde - Pernambuco. Leia o texto atenciosamente e transcreva-o utilizando a norma padrão.

Ai Se Sesse

Se um dia nós se gosta-se
Se um dia nós se quere-se
Se nós dois se emparea-se
Se jutim nós dois vive-se
Se jutim nós dois mora-se
Se jutim nós dois drumi-se
Se jutim nós dois morre-se
Se pro céu nós assubi-se
Mas porém se acontece-se de São Pedro não abri-se
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arrimina-se
E tu com eu insinti-se
Prá que eu me arresouve-se
E a minha faca puxa-se
E o bucho do céu fura-se
Távez que nós dois fica-se
Távez que nós dois cai-se
E o céu furado arria-se
E as virgem todas fugir-se

6. Denifa os seguintes termos no glossário:
Lingüística, lusofonia, norma padrão, variações diatópicas.

PAR Chamamos de Lusofonia o conjunto de identidades culturais e lingüísticas existentes em países falantes de Português: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e por diversas pessoas e comunidades em todo o mundo. Alguns afirmam que a Galiza, território que pertence a Espanha e onde se localiza a famosa cidade de Santiago de Compostela, também faz parte da lusofonia.
PAR A Língua Portuguesa é falada por cerca de 230 milhões de pessoas ao redor de todo o mundo. A formação do Império Colonial Português levou, por motivos econômicos e políticos, a espalhar a Língua Portuguesa pelo mundo. Do contato com os povos encontrados resultou um forte intercâmbio de produtos, costumes, técnicas, conhecimentos culturais, religiosos e lingüísticos. Embora tenha prevalecido a língua dominante, muitas palavras dos outros povos entraram no sistema lingüístico do Português, tais como manga, moleque, capivara, chá etc.
PAR A Língua Portuguesa sai de Portugal e ganha raízes em outras partes do mundo sofrendo, naturalmente, mudanças. Essas mudanças que ocorrem no Português falado no mundo chamam-se de variações geográficas ou diatópicas.

PAR Os romanos desembarcam, na Península Ibérica, em 218 a.C. Aos poucos foram promo­vendo a colonização, impondo sua cultura e sua língua, o latim.
PAR A Língua Portuguesa originou-se do la­tim falado, por pessoas simples, que deixavam Roma para ir morar na nova província romana da Lusitânia. Além, é claro, dos antigos mora­dores, que não sendo romanos, não falavam latim, mas achavam vantajoso aprenderem essa língua, visando a um futuro mais próspero. Mais tarde, a parte norte da província da Lusitânia, a Gallaecia, junta-se à província Tarraconensis. Veja o mapa abaixo:

PAR A partir de 218 a.C. até o século XI, a língua falada em toda a Península Ibérica era o roman­ce, palavra que vem de Roma. O romance é uma língua intermediária entre o latim falado pelo povo e as línguas neolatinas atuais.
PAR Entre os anos 409 e 711, povos de origem ger­mânica dominam a Península Ibérica. Em 711, ocorre a invasão árabe na Península. A língua árabe torna-se a língua oficial das regiões con­quistadas, mas grande parte da população conti­nua a falar o romance.
PAR Aos poucos ocorre a retomada dos territó­rios ocupados. Surgem novos reinos que dividem entre si o território peninsular. Dentre os reinos está Portugal, onde se falava o galego-português, que deu origem ao nosso idioma. Com a Reconquista, as populações do norte (que falavam galego-português) ocuparam também o sul, dan­do assim origem ao território português. Puxa! Quantas reviravoltas! Mas não pára por aí!
PAR Os séculos XV e XVI assistem à expansão marítima portuguesa. Com a construção do im­pério português de ultramar, a língua portuguesa faz-se presente em vários lugares da Ásia, África e América, sofrendo influências locais. É assim que o português chega ao Brasil. Aqui, ele irá interagir com os povos indígenas, mas também com os escravos vindos da África e, mais tarde, com os muitos imigrantes que aqui chegaram, tais como italianos, espanhóis, árabes etc.

(LANDEIRA, J. L. & MATEOS, J. H., especialmente para esta obra)

Notícia informativa é o gênero textual que tem por objetivo informar sobre temas gerais, fatos, etc. Suas características são:

  • Presença de um título no texto;
  • Objetividade e a clareza nas informações;
  • Uso da norma padrão da Língua Portuguesa.

Veja o exemplo retirado do jornal:

"A CET (Companhia de Engenharia de Trafégo) recomenda que motoristas evitem parte da avenida Paulista a partir de hoje, primeiro dia útil após a ampliação da interdição da via. A interdição cobre a faixa da direita nos dois sentidos da praça Oswaldo Cruz até a Brigadeiro Luís Antônio. No sentido Consolação, o desvio deve ser feito pelas ruas Treze de Maio, Cincinato Braga, São Carlos do Pinhal e Antônio Carlos. No sentido Vila Mariana - Centro, a opção é seguir pela rua Vergueiro e desviar para a av. Liberdade".

Folha de São Paulo. Caderno Cotidiano, 22 de outubro de 2007.

Exercício

Escrevam, em grupos, uma notícia informativa, avisando aos colegas as datas das provas do Projeto de Recuperação do Estado de São Paulo.

Dica: Usem o dicionário para não cometer "equívocos" ortográficos!

Obs: O melhor texto de cada classe, será exposto no mural da sala e aqui no blog!

Texto expositivo é o gênero que tem por objetivo expor e aprofundar informação ao leitor, ou seja transmitir conhecimentos. As características básicas deste gênero são:

  • a presença de um tema específico, claramente identificado e delimitado;
  • uma estrutura, ou seja, uma forma própria de organizar a informação;
  • um objetivo estabelido previamente pelo enunciador que será depois interpretado pelo leitor;
  • a presença de um título no texto;
  • objetividade e clareza nas informações;
  • o uso da norma padrão da Língua Portuguesa.

Exercício

Escrevam, em duplas, um texto expositivo, expondo os conceitos estudados anteriormente sobre comunicação.

Dica: Usem o dicionário para não cometer "equívocos" ortográficos!

Obs: O melhor texto de cada classe, será exposto no mural da sala e aqui no blog!

Carlos Drummond de Andrade
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.
Exercício para o lar
•Expressem o poema em forma de imagem, em papel sulfite, que pode ser construída com lápis, tintas ou recortes.
Glossário
•Comunicação é a interação entre duas ou mais pessoas.
•Linguagem é o meio pelo qual as pessoas se comunicam.
•Linguagem verbal é aquela que se utiliza de palavras.
•Linguagem não-verbal é aquela que se utiliza de gestos, imagens, notas musicais, etc.
•Código é um conjunto de sinais convecionados pelas pessoas .
•Língua é um código formado por palavras e leis combinatórias, por meio do qual as pessoas de uma mesma comunidade se comunicam.
•Interlocutores são as pessoas que participam da comunicação.
•Locutor ou emissor é o interlocutor que fala.
•Locutário ou receptor é o interlocutor com quem se fala.

Cássia Eller

Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva

Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras, momento

Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento

Questionário


1. Qual a importância das palavras em sua vida?
2. Qual o perigo que as palavras trazem no dia-a-dia das pessoas?
3. Que relação há entre “palavras” e “comunicação”?
4. Como nos comunicamos? Apenas por palavras?
5. O que é linguagem?
6. Qual a importância da palavra na comunicação?
7. Procure “palavra” no dicionário. Qual das acepções (significados) melhor se encaixa na letra da música?